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TRÊS PRETOS: VALOR DE USO

direção, dramaturgia | direction, dramaturgy

Temporadas

SESC Pompeia

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EQUIPE | TEAM

Concepção e Direção: José Fernando Peixoto de Azevedo

Dramaturgia : José Fernando Peixoto de Azevedo e Luís Fernando Massonetto

Atores: Ailton Barros, Lilian Regina, Raphael Garcia
Assistencia de Direção e Vídeo: Flávio Moraes

Assistência de Direção: Leonardo Devitto

Preparação Corporal: Tarina Quelho

Iluminação: Wagner Antônio

Direção de Arte: Chris Aizner

Técnico e Operação de Luz: Jimmy Wong

TRÊS PRETOS: VALOR DE USO

 

“Se observarmos a partir da perspectiva da escravidão

 ou da ocupação colonial, morte e liberdade

estão irrevogavelmente entrelaçadas. Como já vimos,

 o terror é uma característica que define tanto os Estados

escravistas quanto os regimes coloniais tardo-modernos.

Ambos os regimes são também instâncias e experiências

específicas de ausência de liberdade"       

Achille Mbembe, Necropolítica.

 

 

 

A criação da Sociedade Abolicionista de Teatro, Três Pretos: Valor de uso, com direção de Jose Fernando Peixoto de Azevedo e atuação de Raphael Garcia, Ailton Barros e Lilian Regina, remete ao valor como base para a crítica das formas de alienação da vida. Na modernidade, ou, dessa plataforma que é a colônia, preto tem sido reduzido a um valor de troca: o preto escravo, o preto café, o preto petróleo: três fontes de energia e de valor; três tempos de um mundo que avança produzindo ruínas.

Em cena, os corpos, as presenças. A associação preto-escravo-café foi a base do impulso industrial brasileiro e a fonte de energia das longas jornadas para o trabalho livre da Europa. Hoje, o preto-energia-petróleo é a base energética da acumulação capitalista moderna e suas disputas sobre territórios e corpos. A carne (o escravizado), o pó (o café), o sangue (o petróleo): ao mesmo tempo que a marcha cronológica do progresso força o esquecimento da energia primitiva, os equivalentes funcionais da energia preta desvelam a violência perene em torno do preto que “satisfaz”.

Em cena, um dispositivo pretende fazer com que essas temporalidades atravessem o jogo, produzindo corpos e sujeitos:

 

 

no meio desta tormenta o Negro conseguir de fato sobreviver àqueles que o inventaram, e se, numa reviravolta de que a História guarda segredo, toda a humanidade subalterna se tornar negra, que riscos acarretaria um tal devir negro do mundo a respeito da universal promessa de liberdade e de igualdade de que o nome Negro terá sido o signo manifesto no decorrer do período moderno?

 

A SOCIEDADE ABOLICIONISTA DE TEATRO é uma plataforma coordenada por José Fernando e seu programa de trabalho consiste em viabilizar associações entre artistas, principalmente artistas pretos, que possam, juntos, realizar projetos a partir do encontro de perspectivas e práticas poético-políticas.

O abolicionismo que seu nome traz não é apenas uma referencia “anacrônica” à história e memória da escravidão, mas antes, a nomeação de uma luta pelos abolicionismos que ainda nos concernem, confrontações a continuidades e permanências que fazem, entre outras coisas, que algo como um sistema prisional se configure como desdobramento e extrapolação da escravidão entre nós, tecnologia de controle dos corpos que espolia e sentencia à morte em vida o pobre, mais principalmente o negro, e em particular o jovem negro. A sobreposição temporal que a ideia de uma “sociedade abolicionista” implica aos ouvidos, faz ver a convivência complexa de temporalidades, fusos históricos.

 

SINOPSE

 

Num território conflagrado por lutas milicianas, desertores cavam em busca de um “mar de águas pretas”, fonte de uma riqueza sem fim que traria a todos a “libertação final. A escavação converte-se em espera, e a espera se revela um tempo atravessado por demandas de reparação e salvação, demandas para as quais as tentativas de realização resultam em continuidade e aprofundamento da guerra e suas carnificinas.


>>Crítica de Maria Luísa Barsanelli na Folha ilustrada

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