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EXPERIMENTO BR: 

Brasil-Refúgio

direção, dramaturgia | direction, dramaturgy

EXPERIMENTO BR
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Essa proposta desenvolve aspectos de um trabalho iniciado há pouco mais de dois anos, quando ainda da preparação do espetáculo Cidade Vodu, do Teatro de Narradores. Já, naquele momento, a questão dos ciclos migratórios e seus significados para uma ideia de “nação cordial” se colocava como um problema. Foi assim que antes, dois outros espetáculos resultaram de aproximações com o tema: Cidade Desmanche (2010), e a situação de bolivianos (o trabalho e o confinamento), e depois Cidade Fim Cidade Coro Cidade Reverso (2012), discutindo aspectos do ciclo migratório interno (do anos 1970, do nordeste para o sudeste).  Em agosto, fora realizado o Cabaré Vodu, uma variação na direção deste projeto.

 

Primeira Parte: A oficina

 

OS QUE CHEGAM, OS QUE FICAM

 

A oficina trabalhará tematicamente um duplo movimento.

 

CHEGAR. O que acontece com quem chega no momento mesmo em que chega. O que significa chegar? Onde e como se chega. Quem chega e com quem? Quem chega vem de algum lugar, e nem sempre quis chegar aqui.

 

O uso cotidiano da língua portuguesa faz os sentidos deslizarem. É assim que na gíria de uns ouvimos “chega aqui, mano”. Só nessa expressão uma complexidade de questões: a chegada, o lugar, a fraternidade. Um “chegado meu” é também meu amigo? “Chega!” e de repente mal se entendeu que é um basta o que ecoa sobre o outro.

 

Chegar. Imagens e palavras de quem chega, quando chega. Corpos que chegam são corpos que partiram. Chegar quase nunca é parar, mas, estando em movimento, redirecionar.

 

As reações aos que chegam, daqueles que se imaginam do lugar, quase sempre revelam que as fronteiras não são apenas espaciais, mas temporais: a depender da expectativa, habita-se ainda o século XIX. Em certa medida, a olhar para a atualidade em que nos inscrevemos, somos ainda regidos por um “inconsciente escravocrata”.

 

FICAR. Permanecer é ainda um estado de provisoriedade, uma duração sob expectativa: continuar, prosseguir, conservar-se, persistir, insistir.

 

Refúgio é bem mais que metáfora quando descreve a existência de pessoas, vidas vulnerabilizadas pelos dispositivos de governo e gestão das formas de circulação no mundo.

 

Se quisermos politizar ao custo da própria experiência, poderíamos dizer que entre a vida de um refugiado em trânsito ou esperando num campo e a de um morador negro e pobre cercado na periferia de uma cidade como São Paulo há semelhanças cujo aspecto infernal é já um depoimento sobre o estágio atual do capitalismo e sua razão neoliberal.

 

Segunda parte – o Experimento

 

Experimento BR – Brasil-Refúgio é o espaço e o tempo de uma aliança de imaginação – poética, portanto política.

 

Nesse sentido, uma certa consciência diaspórica não se definirá por um impulso de retorno a algum lugar originário, mas pela experiência efetiva – no corpo, portanto no pensamento, nas emoções – de que o lugar é ainda o cerne de uma disputa.

 

A depender do ponto de vista, globalização é o outro nome para essa reinvenção neocolonial do capitalismo, em ter uma parte da humanidade em movimento (imigração), enquanto outra parte é impedida de se mover (periferias conflagradas) são apenas faces de uma moeda cuja equivalência é a própria vida.

 

Um lugar é uma forma de vida.

 

Ainda, a diversidade das línguas – dos corpos – pretende dar à ideia de tradução um valor procedimental de radicalização do sentido político de encontro e o trânsito entre materialidades insuspeitadas.

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